Sustentabilidade: o imperativo dos negócios num mundo interdependente

10-07-2010 21:30

Numa sociedade em rápida mutação, onde o sucesso das organizações é em geral medido unicamente através do resultado financeiro, e onde os bens mudam de mãos assim como as ideias, a sustentabilidade surge como princípio fundamental para quem quer fazer negócio num mundo interdependente, sendo o alicerce para que as empresas mapeiem seu roteiro futuro.

Os processos de globalização e a mundialização, aos quais as organizações têm sido submetidas, vêm demandando a reação a questões relacionadas com o tripé da sustentabilidade, ou seja, com mudanças sociais, econômicas e ambientais, o que vem modificando a maneira como essas empresas relacionam-se com o mundo ao seu redor. Segundo Savitz (2007, p. 7), as empresas "mais bem gerenciadas, grandes e pequenas, estão reagindo a esses desafios". Esse processo de mudança tem sido acelerado com o advento da Tecnologia da Informação, principalmente com a Internet.

Num mundo mais globalizado, interconectado e cada vez mais competitivo, o resultado financeiro deixa de ser o único e mais importante critério de avaliação de sucesso de uma organização. Para Savitz (2007, p. 22), os executivos "também devem levar em conta os impactos sociais, econômicos e ambientais sobre qualquer participante com algum interesse no desempenho da organização". Dentro dessa nova lógica de gestão, a empresa sustentável será aquela que, além de gerar lucro para os acionistas, conseguirá, ao mesmo tempo, proteger o meio ambiente e contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com as quais mantém interação, aliando, assim, os interesses dos negócios aos interesses do meio ambiente e da sociedade. O resultado dessa união será a geração de oportunidades e a perpetuação do sucesso.

Todas essas mutações do ambiente empresarial têm contribuído, para que o paradigma emergente da sustentabilidade transforme-se em tendência dominante. Assim, a maneira como as empresas irão conciliar e gerenciar os objetivos e as questões ambientais, sociais e econômicas é parte fundamental da qualidade gerencial contemporânea, não só para a geração de lucro, mas para o sucesso organizacional. Savitz (2007, p. 31) ressalta que as empresas "precisam inserir as questões sociais em suas estratégias, de modo a refletir sua atual importância para os negócios".

Dentro dessa perspectiva, podemos citar iniciativas de responsabilidade social alinhadas com os dois principais componentes que precisam ser observados para a sustentabilidade - o impacto sobre o lucro (a lucratividade) e o impacto sobre o mundo (os benefícios sociais) - como, por exemplo, os alimentos naturais, as construções ecologicamente sustentáveis, as roupas e os cosméticos "amigáveis" ao meio ambiente, as energias renováveis e a reutilização benéfica de resíduos industriais.

A adoção de uma estratégia sustentável para os negócios aumenta não só o valor para os acionistas, mas cria condições mais saudáveis para a operação das empresas, nas décadas vindouras. Segundo Savitz (2007, p. 80), os gestores "precisam compreender essa transformação e estar preparados para convertê-la em vantagem para suas organizações". Porém, infelizmente, muitos líderes de negócios ainda compreendem a sustentabilidade de maneira superficial, ignorando seus princípios, transformando suas ações, mesmo que impregnadas de boas intenções, em ações de filantropia. E sustentabilidade não tem nada a ver com filantropia.

A adoção do princípio da sustentabilidade nas estratégias de negócios das empresas implica ações que não sejam de curto e médio prazo - ações pontuais, e que não tenham somente o viés econômico (lucro). Atualmente, ainda de acordo com Savitz (2007, p. 74), todas as funções de negócios estão sendo integradas ao movimento da sustentabilidade. Para Nogueira (2004, p. 5), "o que está em jogo não é somente a adesão a um movimento que tem ganhado força ao longo dos últimos anos e sim a filosofia da empresa, as razões que orientam suas escolhas".

O equilíbrio entre o efetivo compromisso da organização para com a sociedade, balizado na conciliação dos objetivos econômicos, ambientais e sociais, é o que fará diferença frente às ações de investimento temporário, realizadas por algumas empresas, cujo objetivo é a mera obtenção de ganhos de imagem. Isso, segundo Nogueira (2004, p. 7), irá frear a racionalidade econômica que norteia as ações empresariais nos dias de hoje e, ao mesmo tempo, gerar oportunidades que deem à sua organização uma vantagem competitiva sustentável.

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